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Dia Nacional de Controle da Asma – 21 de Junho

Dia Nacional de Controle da Asma, que acontece em 21 de junho, faz um alerta à população sobre a doença que é a quarta causa de internação hospitalar no Brasil.

Confira abaixo, as perguntas sobre o tema, respondidas pela Dra. Caroline Uber Ghisi, pneumologista do Hospital Dia do Pulmão.

O que é asma e como diferenciá-la de outros problemas de saúde? Sintomas?

A asma é uma doença inflamatória crônica que acomete os brônquios.

De forma simples, brônquios são estruturas semelhantes a “pequenos canos”, que levam o ar até os pulmões. Na asma, estes canos ficam inflamados do lado de dentro, diminuindo a área para a passagem do ar. Por este motivo, o paciente apresenta falta de ar, dificuldade para respirar, sensação de cansaço e de opressão no peito (pelo esforço realizado para completar a respiração), além de chiado. Em algumas situações, o cansaço surge apenas com esforços maiores, como ao realizar atividades físicas ou subir muitos lances de escada. Muitos pacientes deixam de procurar ajuda médica por acharem que este cansaço é algo “normal”, esperado para aquela atividade. Se você sente desconforto respiratório para realizar atividades, fica o alerta: é sempre válida a avaliação médica com um pneumologista!

Por ser doença crônica, a asma não tem cura, mas tem tratamento. E vale lembrar que quanto melhor for o acompanhamento médico com um bom pneumologista, maiores serão as chances de o paciente seguir de forma regular um tratamento adequado, levando à compensação da doença. A grande maioria dos pacientes responde muito bem ao tratamento e consegue ter uma respiração muito próxima do normal (como se nem fossem asmáticos). Uma parcela bem menor de pacientes é que precisam de mais medicações e tem asma de difícil controle.

Além dos sintomas clássicos respiratórios da asma, é comum que os pacientes também apresentem sintomas relacionados a alergias, como rinite alérgica e alergias na pele. Na consulta médica sempre questionamos estes achados e, se presentes, também merecem acompanhamento e tratamento.

Quais os fatores influenciam para o surgimento da asma? É genético?

A asma pode sim ter causa genética (pais asmáticos tem uma chance aumentada de terem filhos asmáticos), mas não é o único fator contribuidor para a doença.

Diversos fatores ambientais podem ser desencadeadores da doença:

  • Variações bruscas no clima: tão típico da nossa região, em que os dias amanhecem frios, esquentam bastante próximo ao meio-dia, e voltam a esfriar à noite, oscilando dias com tempo seco e úmido;
  • Exposição a alérgenos: pós, poeiras, ambientes com mofo, pêlos de animais (o pêlo de gato é um conhecido alérgeno), produtos de limpeza, entre outros. Cada paciente pode responder de diferentes formas ao estímulo de diferentes alérgenos. Por isso, é crucial manter o ambiente onde se vive limpo e arejado, devendo-se preferir o uso de aspirador de pó e panos úmidos para limpeza (ao invés de vassouras, que “levantam” a poeira), lavar com mais frequência cortinas (se possível, preferir o uso de persianas, mais fáceis de limpar), evitar uso de tapetes (que acumulam sujeira com mais facilidade), evitar uso de produtos com muito aroma / “cheiros fortes” (como produtos de limpeza, aromatizadores de ambiente), entre outras medidas.
  • Infecções: as infecções respiratórias, tanto por bactérias, quanto por vírus (inclusive o coronavírus, dentre tantos outros) são desencadeadores de crises de asma

Uma condição que sempre é questionada em consulta médica é a presença de doença do refluxo gastro-esofágico (DRGE). Quando um paciente asmático tem DRGE e não trata, as crises de asma surgem com mais frequência.

De que forma proteger a criança para que ela não tenha crises de asma?

Fazer um adequado controle dos fatores ambientais é crucial! Manter o quarto da criança sempre limpo e arejado; evitar uso de cobertas de lã (preferir edredons, mais fáceis de lavar); evitar bichos de pelúcia, procurar substituí-los por brinquedos de material antialérgico ou que sejam fáceis de limpar e lavar; nas trocas de estação procurar lavar as roupas guardadas do armário e estendê-las ao sol; nos dias mais frios, sempre proteger áreas mais sensíveis, como cabeça, pescoço e ouvidos com toucas, cachecóis e protetores auriculares (lembrem-se que as vias aéreas não gostam de variação climática).

As infecções respiratórias também são um fator desencadeador de crises de asma muito importante nas crianças! Orientá-las a lavar as mãos com frequência e ensiná-las a lavagem nasal com soro fisiológico sempre que estiverem com secreções em vias aéreas superiores pode ajudar a evitar infecções e crises.

Como é o tratamento? Está disponível no SUS?

O tratamento da asma muda de acordo com o grau de gravidade da doença e é feito, de forma geral, com medicações inalatórias. Hoje as opções no mercado são muitas e a escolha dos inalatórios adequados junto com o médico pneumologista é crucial para o sucesso do tratamento. Existem opções no formato de cápsulas inalatórias, dispositivos com pó inalatório, sprays (conhecidos popularmente como “bombinhas”), dentre outros. Diferentes pacientes com o mesmo grau de gravidade da asma podem não se adaptar a um mesmo dispositivo inalatório, e por isso é tão importante que cada caso seja avaliado individualmente.

Algumas medicações inalatórias são excelentes para melhorar a crise de asma, mas não controlam a doença, não servem para tratamento contínuo e crônico; por outro lado, temos medicações inalatórias desenhadas para este fim. Por este motivo o acompanhamento médico regular é tão importante para o controle da doença.

Existem algumas medicações inalatórias disponíveis no SUS para tratamento da asma. Sempre vale a pena perguntar sobre essas opções ao seu médico pneumologista e se elas são suficientes para o controle da asma no seu caso. Lembre-se: o tratamento é personalizado!

Uma crise de asma pode se agravar a ponto de levar o paciente à óbito?

Infelizmente sim. A maioria dos pacientes responde muito bem a um tratamento adequado de emergência, mas em pacientes que não fazem o tratamento da doença de forma regular, a inflamação que ocorre durante uma crise de asma de forma aguda, “fechando” os brônquios, chamada de broncoespasmo, pode ocorrer de forma intensa, severa e acabar não sendo reversível em algumas situações. Por isso o controle da doença é fundamental! Manter a rotina de consultas médicas, fazer o tratamento contínuo indicado pelo médico de forma regular, sempre estar com as medicações inalatórias por perto (inclusive em viagens), fazer o controle dos fatores ambientais, são peças-chave para evitar crises.

Existem tratamentos alternativos para o controle da asma?

Existem medidas extras que sempre devem ser lembradas e estimuladas em pacientes asmáticos para a compensação da doença. São elas:

  • Estimular a prática de atividades físicas: quando o paciente já está fazendo o tratamento adequado com suas medicações inalatórias, a atividade física pode ser realizada sem grandes problemas. A prática regular melhora o tônus muscular do paciente, inclusive da musculatura respiratória, melhorando a respiração, além de ter ação anti-inflamatória no organismo (como a asma é uma doença inflamatória, a atividade física é indicada como tratamento);
  • Controle do peso: a obesidade também é uma doença inflamatória! Quando o paciente asmático é obeso, o controle da asma fica mais difícil… A perda de peso com dieta adequada e prática regular de atividades físicas sempre deve ser estimulada!

Ficou com dúvidas? Converse com seu médico pneumologista! A informação salva vidas (e permite que a asma tenha um controle muito melhor!).

Consultas no Hospital Dia do Pulmão – telefone: (47) 3037-7099.

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