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Ato de Solidariedade

Artigo de: Dr. Bruno Schlemper Junior  – médico e professor da Unoesc/SC / Jornal de Santa Catarina Edição 12 e 13 de maio de 2018.

 

É fundamental ressaltar que as vacinas não possuem somente ação protetora individual contra as doenças infecciosas, mas seus efeitos são também indiretos e de alcance coletivo. Além de evitar o surgimento de infecções no indivíduo vacinado, têm a capacidade de proteger aqueles que, por razões médicas, não podem ser vacinados.

A esse fenômeno biológico se dá o nome de “imunidade de rebanho”, ou seja, quando a taxa de vacinação contra determinada infecção atinge níveis elevados, os membros das famílias e das comunidades próximas que não puderam ser vacinados, ficarão protegidos. Por isso, a vacinação é um ato de solidariedade humana, deixando de ser apenas uma escolha pessoal para se tornar de importância em saúde pública. A solidariedade é um referencial bioético de responsabilidade social, pois é um valor que une uns aos outros num abraço de proteção comunitária, um modo de vida consciente de que nossas ações são importantes para promoverem o bem comum e preservação da vida. A ela se contrapõe a visão individualista daqueles que recusam a vacinação sem razões médicas.

Os alarmistas dos denominados movimentos antivacinais lotam as redes sociais de fake news destituídas de fundamentação científica, fazendo com que essa atitude irresponsável cause danos incalculáveis às populações, em especial, às mais vulneráveis. Em decorrência, surtos e epidemias de infecções extintas retornaram após muitos anos, causando internações e óbitos em vários países.

Lamentavelmente, no Brasil, as taxas de vacinação vêm caindo assustadoramente, preocupando gestores e profissionais da saúde e criando a possibilidade de ressurgimento de viroses já eliminadas, como o sarampo, a poliomielite e a febre amarela urbana – essa última de latente risco pela atual transmissão no ambiente silvestre.

Urgem ações e atitudes efetivas por parte dos órgãos públicos da saúde, das instituições éticas e científicas correlatas e dos profissionais da saúde para se contraporem a esses movimentos irracionais, enfatizando-se que a vacinação é um ato de responsabilidade ética e moral de cada cidadão. Para tanto, a informação sobre os benefícios indiretos da vacinação e a consequente ação ética e solidária das pessoas são caminhos a serem adotados por todos na busca do bem comum.

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